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Lucy, 25. ruiva. míope. insone. prolixa. rock star. jornalista. paulistana. mochileira. aquariana. degustadora de capuccinos. gosta de inventar palavras. anda aprendendo a fazer silêncio. mãe do Elvis, o poodle de olhos verdes. exímia contadora de piadas de pontinho. dubla rock´n roll suicide, do david bowie. não quebra ovo, muito menos separa clara e gema. ama bolsas de paninho, livros, músicas, cinema e outras coisas belas. não toquem no meu queixo, não me chamem com diminutivos ou de "minha filha". sushis? panelada? dreads? perucas e fone de ouvido compartilhados? no, thanks. o primeiro bombom que pega na caixa sempre é o quadradinho - geralmente, o mundy avelã. and walks on the wild side [tu turu, tututu turu turu...]

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29.7.06

Porque não sei viver em sociedade

Dos mesmos roteiristas de Admirável Mundo Novo.



Na semana em que Lucy estréia em Páginas da Vida - boiando softmente na piscina do Tarcísio Meira, com hidroginástica free, bossa nova, cafés da manhã nababescos [e a palavra "nababescos", você sabe, é muito legal] com quadradinhos de melão, os bares cenográficos tocando um jazz chinfrim cenográfico, o Thiago Lacerda me implorando de joelhos uma chance de cueca boxer e o Duda Nagle cuidando do orquidário -, Flows.Inc inicia um bolão de apostas a respeito do Criança Esperança do próximo sábado. Didi descerá do alto do ginásio de macacão branco e vai chorar na abertura da XXXIIIIVVVVVª edição do evento.

- Ah, e reitero o protesto contra o quadro do "nosso time de jovens surdos" do Fantástico. Não tinha nada mais ridículo pra inventarem?!?

Pois é. Um novo post nesse blog ousado e esquecido. Tá, tá, "esquecido" não, que a galera tava aqui diariamente clamando por um texto novo. E como 50,000,000 Fans Can't Be Wrong... retorno, enfim, aos meus domínios virtuais. Nos últimos dias, pesquisei compulsivamente, tentando correr contra o tempo nesse final de semestre, you know. Mas a vida intelectual traz suas compensações, vocês logo saberão. Ohh, eu sabia que meu passado de cdf-feia iria gerar frutos. Mas é verdade.

Tava vendo os antes-e-depois das musas lá do colégio, sabe. Aquelas que eram as meninas mais lindas da sala, que abalavam mesmo com aquela farda feia, aquela calça três números maior que nos obrigavam a usar. Aí, quando tinha aquelas semanas culturais da escola, o povo ia de short e a gostosa da turma chegava abalando, pra ser logo a rainha do milho, as garotonas. Sempre tem, né, a mais atirada que faz questão de desfilar de biquíni. Deus me livre, encarar um biquíni diante daquela platéia de meninos secos da quinta série. Ô fase medonha dos homens é essa. Eu até pensei que eu não fosse chegada em meninos, por não suportar garotos dessa idade. Enfim, mas depois dei uma chance a eles. Sim, mas acontece que as musas, outrora lindas, hoje em dia, estão feias pacas, engordaram, casaram, viraram forrozeiras, sei lá o que mais de ruim aconteceu a elas. As peles, péssimas. Enquanto isso, fiquei bonitinha, inteligente e com excelente gosto musical [risada maligna]. É massa, isso de virar o jogo.

[...]

Falando em Páginas da Vida, com quarentonas levando uma vida dura no Leblon, só esperando uma chance do cafajeste José Mayer, algumas considerações:

- A frase da semana virará bordão desse blog: "Não seja sujo, Gregório".
- Eu sou assumidamente feminista, mas tenho que dizer que tá faltando porrada em mulher nessa novela. Regina Duarte precisa de uns corretivos, vamos chamar o Denis Carvalho para relembrar os tempos de Malu Mulher. Mas é sério, ela só se comporta como uma ninfomaníaca bêbado-depressiva. Lilião Cabral, pedindo dinheiro pra filha grávida depois de ter expulsado a coitada de casa umas três vezes. E Natália do Vale, apesar daquela pele escââândalo, tá só esperando o Gregório sentar a mão na cara dela. Daí, ela vai chorar as mágoas com o jardineiro, pai do Duda Nagle. A Louise Cardoso, que sempre faz papel de espancada, deve receber uns safanões também, só pra não fugir do convencional. E aquela euforia da Ana Paula "Papai-e-mamãe" Arósio é falta de peia, rapaz. Outra que merece tapa é a mãe da bailarinazinha. Jogou uma caixa de chocolate fora, pessoal. Isso não se faz. Vaca!vaca!vaca!
- E como cabem 15 minutos de texto narrado nos CARTÕES POSTAIS que o Marcos Paulo envia da África pra Helena?!?
- Não agüento mais a calcinha da Winitz e ela como ninfeta balzaquiana e rebolativa. Coisa mais over. Pronto, desabafei. Minha aposta é um convite da Playboy nos próximos 15 dias. Vão por mim.
- Sim, e eu já vi o You Tube da véa que se babou com o Roberto Carlos. Fala sério.





- Yoná Magalhães tem aquela carinha engilhada, de velha, desde Deus e o Diabo na Terra do Sol, quando ela tinha 14 anos. Ela não tem nada a ver com a novela, só tava comentando.

[...]

nicole kidman, diamonds are a girl´s best friends



Ahn, o post. Antes, o comercial da vaquejada, que passa na TV local:

"Rahhhhh.... ihhhh.... rêêêêiii... uáááá....!"

Hahaha, muito bom, isso.

[...]

Cuspes. Gente batucando irritantemente atrás do banco do ônibus, ad infinitum. Pessoas se esbarrando. Galera que cisma em falar alto, como se você estivesse na outra esquina. "Mas que porra é essa, é uma gincana? Uma pegadinha?". Não mesmo. Essa é uma parte infinitesimal do grupo de coisas que me irritam profundamente no cotidiano em sociedade e só multiplicam a minha rabugice característica. Ah, a vida numa bolha. Grande invenção. Mas é, ó. Sou de fazer muito "social" não. Ainda mais nos meus dias de fúria, cada vez mais freqüentes, por conta de stresses acadêmicos. É, pessoal. Pensam que é fácil mudar o mundo? É muita pressão na gente que é formadora de opinião, modelo, atriz, apresentadora e power point developer.

Taí, eu sou daquelas pessoas nojentas, que até esconde doce pra não ter que dividir. Ué, não me olhem assim. Quem nunca engoliu um sonho de valsa INTEIRO, pra não ter que dividir com ninguém? EI, que silêncio no estúdio é esse? Pô, eu engoli, confesso, era uma situação-limite. Mas realmente, taquei todo na boca. Parecia aquele povo que vai no "se vira nos 30", engolir uma meia dúzia de laranjas. Mas é que, hum. Não que eu seja mão de vaca, compreendam. Mas sonho de valsa, chiclete e o último biscoito de chocolate do pacote não foram feitos pra se dividir. Ora, deixemos de convenções sociais. É muita HIPOCRISIA você achar que o seu amigo vai se dar por satisfeito com meio bombom, assuma! E aí, você também fica insatisfeito, com meio chiclete a menos. Olha, todo mundo sai perdendo. Ah, eu sou bem honesta, vamos combinar. Se meio bombom fosse gostoso, era vendido já cortado no meio, ó. [olha, mas é rabugenta é cheia de razão, ui]

[...]

Tá, e eu sou assim, de ficar com raiva por coisas que, às vezes, nem acontecem comigo. Como uma doida, fico revoltada apenas com a REMOTA E IMPROVÁVEL HIPÓTESE de a tal coisa acontecer, como se estivesse acontecendo de verdade, sacam? A coisa nem aconteceu e não vai acontecer e rola a raiva, mesmo assim. A doida. Mas é tipo assim. Eu tenho abuso ao cantor Leonardo, certo? Aquele desmantelo-gordinho ostentado que ele adora exibir no Faustão e em seu sítio de Goiás, repetindo a cada 10 segundos a expressão "êta trem bão" em qualquer entrevista sobre generalidades que ele dê. Daí, aparece a propaganda na TV em que ele aparece DE SURPRESA na casa de uma pobre dona-de-casa que tá esfriando a barriga no tanque, lavando aquela roupa, cantando sertanejamente que o sabão "tem cheiro de erva doooceee...". Deus me livre. Eu tenho vertigens só de mentalizar o LEONARDO chegando de surpresa na minha casa, já imaginou. E, como todo mundo sabe, odeio surpresas em casa. Enquanto o comercial rola, eu vou ficando com raiva, pensando nas possibilidades, resmungando pra minha mãe que, se o Leonardo viesse aqui, ele iria ser chutado e expulso a vassouradas.

Eu ia grudar mel e penas nele, como nos desenhos animados.

No fim do dia, a sucessão de pequenas raivas torna as coisas insustentáveis. Outra situação-limite é quando as pessoas me acham com cara de trouxa e pensam que têm algum tipo de intimidade comigo. Sabe, gente que quer "fazer amizade"? Pois é. Odeio quem fala comigo como se me conhecesse, sabe, cheio de "malemolências" pro meu lado.

Pois em Salvador, um tiozinho chegou ao requinte de crueldade de NARRAR a minha salada. Não, vocês não vão acreditar. Vocês já tinham visto narração de salada antes? Pois é, deus tinha que testar a nova modalidade EM MIM, EM MIM. Estávamos eu e Láris num restaurante chiquéééérrimo no Shopping da Barra, quando meu prato chega no balcão e eu vou pegar lá, tals. Daí, começo a temperar a saladona que vem junto, morreeeeendo de fome. Nesse ponto [olha eu ficando com raiva só de lembrar], eu pego o azeite e o tio, ao lado: "Iiiiiiisso, coloca um azeitinho...". E eu pego o sal: "Ooooopa, salzinho..." E eu pego uma torradinha amanteigada: "Toradiiiiinha, isso, é cortesia da casa...". Eu não tava crendo no que estava acontecendo. JURO que procurei a câmera escondida ou a Regina Casé fazendo mais um programa zoando com os populares. Vocês têm noção que aquele velho bastardo, caquético e imbecil era apenas um reles cliente esperando o provável prato de sopa de véi dele e, pra passar o tempo, NARROU minha salada? Grrrr. Desejo-lhe varizes, vovô baiano. Varizes! Vaca!vaca! vaca!

[...]

Nossa, falando em vovô. Nunca esqueci um padeiro que trabalhava perto da minha casa, em Recife, quando eu era pivetinha. Mamãe sempre me pedia pra descer e comprar os absorventes dela lá. Sacanagem comigo, só porque eu ainda era pequena. Tá, menor. Mas era tão constrangedor. Porque o velhinho era meio surdo e nunca entendia de primeira. Sempre é assim. Quanto mais constrangedora a mercadoria [camisinha, absorvente, pílula, laxante, essas coisas], mais surdo o balconista homem. Eu, tímida, né, chegava:

- Por favor, um absorvente...
- AHN?
- Por favor, um absorvente...
- Pasta de dente?
- NÃO, SENHOR! MODESS, ABOSORVENTE, SEMPRE LIVRE!!!!

E o resto do povo da padaria me olhando...
Uma vez, cheguei a escutar um "Nossa, tão pequena, já mocinha". Respondi, toda abusada, que era pra mi-nha-ma-mãe, e que eu ainda não tinha idade. E era mesmo, pô. Uns nove anos. Não rolava, né!

Então. O balconista era meio velho e português e tinha um mega-hair saindo de cada orelha, de cada nariz e nos nós dos dedos. O homem era uma peruca só, por dentro, se esvaindo em cabelos, iga. Acho que se ele abrisse a boca, era capaz da Samara sair de lá de dentro. Um clássico.

[...]

Mas voltando. Oh, eu me incomodo com tudo. Um vizinho chato daqui sempre reserva suas MANHÃS DE SÁBADO pra fazer reclamações pra minha mãe, que tem o cetro do poder do condomínio nas mãos. O sujeito, aqui na porta, fala tão alto, mas tão alto, que é como se a mamãe estivesse em outro bairro, sabe. E eu olho pra ele com aquele meu olhar calibre 43, pra ver se ele se manca. Mas nãããão. Continua gritando, parece que bebeu. Ou então é doido. Mas nem liga pro meu olhar fuzilador. Parece que nem é com ele. Impressionante e aviltante o fato de como eu não imponho moral e respeito nos ambientes. Não, e não tô falando do cigarro que UM MENDIGO tomou da mão da minha amiga em frente ao nOise bem na minha frente não. É muito além disso. Por exemplo. Eu também não gosto de gente batucando em coisas atrás de mim. Tipo na minha cadeira do ônibus. Dia desses, um compulsivo batia sem parar na janela e na minha cadeira, logo atrás. E eu espumando de irritação, do lado do sol, ainda por cima. Era como em um vídeo clipe, saca. Novamente, o olhar 43 milímetros. Mas nada de resultado. Daí, eu dei uma reclamada, assim, educadamente, com esse meu jeitinho.

Tudo terminaria bem, se ele NÃO TIVESSE TOCADO EM MIM, EM MIM, pra dizer que "ok, tudo bem". Pfff, que burro, dá zero pra ele. Pô. Um cara estranho, um popular, um transeunte, me pegando. Tem gente que acha que é formiga e só sabe se comunicar na base do toque. São as piores espécies de humanos. Mania medonha é essa de brasileiro achar que é tudo amiguinho, que é tudo caloroso, qualquer coisa rola um batuque amigo, um abraço fraterno. Credo.

Inclusive, são pessoas dessa espécie que curtem andar se esbarrando na galera. Só pode ter um vídeo game na mente delas, um Carmagedom, que libera o hormônio da satisfação em cada transeunte derrubado no centro da cidade. Só pode. E eu não entendo qualé a desse pessoal que curte se esbarrar, honestamente. Não sei vocês, mas eu sinto a energia dos humanos quando alguém se aproxima. E eu me desvio. Pô. Células, suor, cabelalêi, essas coisas. Nem os padres estão dando hóstia direto na boca da galera fiel, por rolarem contaminações. Tá certo, ué. É justo, muito justo, é justíssimo. E a humanidade insiste em me tocar. Até os vendedores do centro, que ficam na calçada com um microfone, anunciando aquela regata masculina por R$ 3,99, pegam em mim e tentam me arrastar praquelas lojas medonhas, cheias de blusas de tela e shorts de tergal, que me causam brotoejas. Se essa sociedade continuar assim, sem limites, não sei onde vamos parar. Barbárie, barbárie. Nas filas, um tormento. A pessoa de trás nunca consegue manter uma distância razoável e fica se passando nas minhas costas, se encostando em mim. Grr.

[...]

A última da série "Ódios" foi quando, há umas duas semanas, me "confundiram" no Centro da cidade. Eu mereço. O contexto é que eu estava desde nove da manhã transcrevendo arquivos milenares, com poeiras e fungos milenares, com as mãos tremendo, os olhos lacrimejando e... enfim, vocês entenderam, e não quero apelar pro sensacionalismo e fazer desse blog um mundo cão, com as descrições de minhas provações e percalços acadêmicos. Mas então. As SEIS DA NOITE, eu me perco numa rua bizarra, procurando o Museu do Ceará, de pastinha de estudante, e encontro um bar de confiança, com uma senhora de confiança, a quem apelidarei de "vaca!".

Lucy: Por favor, boa noite. A senhora sabe onde fica a praça dos leões?
Vaca!: MINHA FILHA, que mal lhe pergunte... mas O QUE VOCÊ VAI FAZER LÁ A ESSA HORA?!?
Lucy: Ahn, é q vai ter um lançamento às sete horas no Museu do Ceará, que é AO LADO da praça, a propósito...

Então, entra em cena um véi que, querendo "me pegar na mentira", pergunta:

Véi: Oura, mas você TEM CERTEZA de que o museu tá aberto a essa hora?!?! Hehehe.
Lucy, com raiva: AHAM, certeza absoluta, taqui o convite do lançamento!
Vaca!: Pois minha filha, vá aqui direto e vire no quarto quarteirão. Mas olhe, TOME SEUS CUIDADOS, que você sabe que aqui, a essa hora, é muito perigoso.

E eu tenho culpa que o Museu fica numa histórica zona de meretrício local?!? Humpfts.
Varizes, pra eles também.

E vou tomar um suco de maracujá, que eu tô precisada. Não sei como cheguei viva à essa avançada idade. Nas reuniões do grupo, eu sempre reitero: "Só mais 24 horas sem passar raiva".

- Err, mas não consigo.


elephant, lolita



link | 16:34 | |

4.7.06

"Eu queria ser o Luigi Barrichelli"

Dos mesmos autores de Pulp Fiction.

Quando eu era criança em Upper East Side, Nova York, praticamente estudava no ateliê da Ana Maria Braga. Na escola, rolavam altas aulas de artes até a, sei lá, quarta série. O nome do Tio era Jussieux, olha que sofisticado. Pra mim, a expectativa das aulas de arte já começava quando a gente recebia a lista de materiais no começo do ano. E eu ia com a mamãe no Centro, sabadão, pra comprar tintas, pincéis, crepom, celofane, um outro papel macio que nem veludo e os inevitáveis palitos de churrasco. Palitos de churrasco são daquelas coisas tipicamente pedidas apenas em listas escolares. Alguém aqui já precisou comprar palito de churrasco no dia-a-dia pra fazer... churrasco? Duvi-dê-o-dó. Só para os artesanatos, ó.

Pois é. Eu fazia de um tudo na escola: decorei uma lata de leite condensado pintada de marrom com pregadores de roupa envernizados grudados [rapaz, olha que precoce, desde pequena eu demonstrava essa inclinação para o design!], pintei a mão com tinha laranja e carimbei um saquinho de tecido com a minha palminha, fiz origamis de flores, sachês de sabonetes ordinários com tule. Aos quatro anos de idade, minha trajetória brilhante foi laureada com meu primeiro prêmio na Bienal e... Mas vocês entenderam. Qualquer leque véi, de papel dobrado, eu tava curtindo, tal.

Hum. Mas essas memórias afetivas de minha infância alegre são extremamente ofuscadas pelo presente, quando constato que, diferentemente de hoje, no meu tempo eu não tinha como passar cola quente em tudo, com a pistolinha. Passei a infância sem celular e sem IPod, porque não haviam sido inventados. Hum, o auge, pra mim, é a pistolinha. Ohn, sintam uma ponta de frustração e amargura na minha voz, nessas minhas linhas tremidas e mal escritas.

Obviamente, darei ao meu casal de rebentos, Sorine e Claritin, a mais completa assessoria em artesanatos e todo um kit contendo guaches, crayons e pistolinhas de cola quente pras crianças brincarem nos gramados do jardim e desenvolverem o lóbulo esquerdo do cérebro, o da criatividade. Vai ser lindo, uma alegria inenarrável, tal como a que senti quando aprendi a costurar fuxicos, há uns cinco anos. Lembro que eu queria aplicar fuxicos em tudo, quase ponho mamãe louca.

[...]

Pois então. Mas há o outro lado da moeda. O ruim de os pais estimularem a psicomotricidade dos pivetes é que, quase sempre, tudo que eles fazem fica horrível, sujo e borrado, sem harmonia com as cores, mal recortado, sei lá. E os pais sempre têm que ser gente boa e achar lindo, quase um Picasso, pra não desestimular o pobre pivete bem intencionado, bichim. Mas aí, fico pensando: gente, eu me conheço, sabe. Sou daquelas pessoas que até são educadas e fazem um social, mas... e se der o azar de eu ser sincera por acaso? Assim, sem querer? Já era. Será que eu vou conseguir fingir direito pro Sorine?!?

Suponhamos, ele vai e me desenha feia, com giz de cera verde e o cabelo assanhado de palha de milho. E chega pra mim e pras visitas, todo sorridente aos três anos, dizendo "Olha, fiz a mamãe". Eu vou ser obrigada a engolir o choro e dizer que "Pô, filhão, tá massa, i-gual-zi-nho! Ô orgulho!". Medo. Terei que providenciar uns desenhos meus pontilhados, pra ele só cobrir com canetinha e diminuir a possibilidade de sair um retrato meu horroroso.

Aliás, acho que eu vou acabar traumatizando o pivete, mandar ele desistir das artes e fazer um concurso público quando fizer dezoito anos. Vou proibi-lo de gorfar e terei nojo de suas assaduras. Quando aquele pedacinho de cordão umbilical secar e cair, vou ter uma síncope, vou desmaiar de aflição. Fugirei do meu filho quando ele pegar aquela catapora asquerosa que todo mundo adquire aos seis anos. Caracas. Vou ser uma mãe tão fria e cruel.

[...]

Bom, enfim, o importante é que eu, quando era menor, queria ter um programa de televisão. Não pensava em um formato definido, mas tinha que ter diversos artesanatos com pistolinha de cola quente, musicais rockers e uns quatro sorteios.



Ah, tá, vou revelar, mas sempre tive verdadeira fixação por sorteios. Mas é por sorteios-raiz, os originais, aqueles com cartinha, tal. Eu era bem miudinha quando já me via preenchendo aqueles cupons de assinante que vem na Veja, com dados fictícios. Recortava, jogava pro alto e fazia sorteios no meio da sala. Era massa, eu tinha uma sacola cheia de cupom. Meu sonho era ficar que nem o Luigi Barrichelli, no alto da pilha de cartas, pedindo pras partners jogarem tudo em cima de mim. Daí, eu daria a carta pro auditor* e anunciava o vencedor, que sempre era uma dona-de-casa de braços gordos balançando, suados, cheia de sobrinhos e com o marido usando boné de vereador**. Se tivesse vestibular pra apresentador de sorteios, eu teria feito. Mané jornalismo o quê.

Eu era tão influenciada pelos mass media que praticamente obriguei mamãe a cortar uma franja no meu cabelo, que nem a da Angélica. Oh, meus sete anos. Ela resistiu, resistiu, explicou que aquela franja da Angélica era escova, não era natural. Mas acabou cortando. Sempre me disseram pra ouvir os conselhos das mães, sabe. Essa foi uma das maiores vergonhas da minha vida: enquanto minha franjinha estava molhada, era Alexandre Pires; quando secava, virava Luis Caldas. Tsc tsc tsc. Claro que meus coleguinhas do colégio de freiras zoaram comigo, me colocaram na rodinha e me chutaram. E eu passei uns três anos com um saco de papel pardo na cabeça, sem ver a luz do sol. Era como em um videoclipe. Hoje em dia, esses pirralhos bastardos devem estar presos, apartados da sociedade, aprendendo um ofício na prisão, pagando por seus crimes, engolindo as infâmias.

Mas mamãe sempre teve desses terrorismos, conselhos, intuições e superstições. Toda mãe tem dessas maldades cotidianas. Porque cal "corta" as mãos, porque deixar o chinelo virado "atrai" morte, porque um pedaço de carvão no congelador é útil para... para... err, é útil, enfim. Mas a pior de todas foi a justificativa dela pra eu parar de andar descalça em casa: é que a cerâmica teria uma "friagem" que subiria pelas minhas pernas e chegaria ao meu ÚTERO, o que me causará dores insuportáveis quando eu tiver mais idade. Ela diz que eu vou pagar muito caro, mas MUITO CARO, por andar com os pés no chão frio... Tensão, pavor. Alguém desminta isso logo nos coments, pra eu poder dormir tranqüila a noite.

[...]

Mas devo admitir que a era áurea dos sorteios está com os dias contados, eles vêm perdendo todo o seu charme. Agora é tudo eletrônico, tudo lá no telão de plasma, não tem nem cupom ou human touch. Que saco. Mas se o bacana era exatamente o montinho de cartas nos programas.



*Tô pra conhecer profissão mais mole que a de auditor. É só olhar nome e endereço, se a pessoa mandou a tampa melada de danone direitinho, com a resposta óbvia da promoção: "danone". Sim, porque sempre são perguntas simplééérrimas, tipo "Qual a cor do cavalo branco de Napoleão?" ou "Qual creme dental deixa os dentes mais brancos e o hálito mais puro?" e, atrás, 45 meninas vestidas com a blusa do finado Kolynos e letreiros piscando, eufóricos: "Kolynos, Kolynos".

** Só registrando que eu ficaria uma fera se eu ganhasse algum concurso e o povo da TV fosse na minha casa DE SURPRESA, pra entregar as barras de ouro e os carros 0km. Já imaginaram? Chega a Globo aqui AO VIVO, do nada, com algum apresentador lindo, e eu atendo a porta toda desgrenhada, com uma blusa comprida de três eleições passadas, descalça, parecendo um mirim EM REDE NACIONAL, em pleno domingo. Deus me livre, eu ia parecer aquelas mulheres detonadas do "antes", do "antes e depois" dos comerciais americanos. Pois eu pegava a grana e me mudava do país, pra curtir uma vida de anonimato e ostracismo. Se eu participasse daqueles sorteios que tivessem visitas surpresa, eu ia viver arrumada em casa, de calça jeans.


goodnight moon, shivaree



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