.
Ei, bora contar história de alma nos coments?
Deve ser uma espécie de masoquismo enrustido. Eu adoro história de alma, embora tenha pavor, pavor, pavor de espíritos. Até daquele filme em que apareciam pessoas mortas nas fotos dos japas eu tive medo. Ei, tive muito medo. Aliás, ninguém planta o terror como os japas. Por que será? Eles me traumatizaram tanto, que não posso ver um pirralho de olho puxado que já me lembro do Toshio. E a Nanda da novela só quer ser a Samara.
.
Troca de pele
Recado aos amigos. Se você exagerou no sol, meu querido, não venha descascar perto de mim. Morro de nojo de pedaços de gente alhêa caindo.
.
BBB, again
Ok, se você não gosta de Big Brother. Eu também não tô gostando, na verdade. Mas às pessoas que justificam que esse BBB tá mó mentira pelo fato de não haver "gente do povo" incluída na trama, segue minha polida resposta.
- Quer ver gente normal? Pega um ônibus, pô.
Vai, eu fico uma gracinha com raiva.
.
Parental advisory

Eu não sei que complô é esse da indústria capitalista [opa, olha a "social conscience" aí, geeeente] de mostrar apenas situações de final de casamento pro público e querer naturalizar a separação diante da opinião pública. A Globo - especialmente, as novelas da oito -, amam um casal em crise, uns divórcios desnecessários e há diálogos do tipo: "Nossa, eu não queria me separar dele, nós temos um filho... mas hoje em dia,
quem nunca separou?". Cara, é daí pra baixo. É uma ode à intolerância. Banalizou, virou Brasil. O cara disse "azul" e a mulher disse "vermelho"? A mulher disse "white stripes" e o cara disse "engenheiros do hawaii"? Pois é preciso "discutir a relação" e geralmente as pessoas "vão dar um tempo". "Vou dormir num apart hotel", diz o potranco José Mayer. E quando os artistas se separam na vida real, vêm até remoçando e aparecem dando "a volta por cima" na capa da primeira Caras, dizendo que o motivo da separação foi um "conflito de agendas"?
Agendas?
Oxe, pois minha vó não tinha agendas, teve 10 filhos e nunca teve essa coisa de discutir mané relação coisa nenhuma... Eu hein. E era mó feliz com meu vô e os dois se balançavam na rede no final da tarde. Tão simples. Juntos, davam milho pro aterrorizante porco preto que tinha lá perto da casa deles, no interior. Oh, era tão romântico.
E aposto que eles não usavam aqueles apetrechos ridículos pra "esquentar a relação", que só acabou quando um dos dois morreu. No século passado era assim, sabe. Mas sim, os apetrechos. Estampinha de tigre, chicotinho, bolinhas esdrúxulas, velas, sei lá. Eu, que tomo remédios tarja pink pra controlar os ataques de riso, não levaria a sério um cara que aparecesse com focinheira e cueca [god, nada mais Carlos Alberto Ricelli que cuecas cavadas, o lance são as boxers. E pretas, assim, bem gigolô.] na minha frente, como já vi em filmes. É um papelão, francamente. "Ei, má, que porra é essa, vai se vestir, vai. Essa sunga é sua ou foi a produção que arrumou?". Aí o cara sai losermente do quarto, cabisbaixo, com a tanga de motivos felinos. Que cena, que cena. Dignidade já, meu povo.
Falando em papelão, ano passado li uma matéria na TPM sobre vibradores. No texto, histórias insólitas de mulheres que tinham vibradores em formato de escova de cabelo, batom e até de borboleta [!] e andavam discretamente com os dito-cujos NA BOLSA! O argumento era exatamente não precisar mais dos homens para sentir prazer. Hum, olha isso. Nada contra vibradores e afins, cada um[a] é cada um[a] e tal. Mas na bolsa, cês me perdoem, mas é over demais. Porque na bolsa, todas as milhares de bobagens que a gente guarda são absolutamente essenciais, do grampinho de cabelo com strass aos lencinhos pra reduzir a oleosidade da pele no meio do dia - que, aliás, são absolutamente indispensáveis no nordeste, onde a pele reluz, reluz. Sim, mas a doida com o vibrador na bolsa. Vibradores não podem ser colocados no mesmo patamar de essencialidade de um gloss, por exemplo.
Imaginem o uso deles, agora. No meio do expediente, na calada da tarde, a dona corre pro banheiro, ah-uh-ah-uh, e volta pro computador, ahn, pede um café e fuma um cigarro, ahhh-uhhh. É isso, é? Come on! Usa um office-boy, minha filha. Aposto que é mais legal. Aí, algumas entrevistadas da matéria achavam isso o auge da emancipação feminina, vejam só. É uma postura absolutamente fake. A triontona que usa vibrador, fica se achando, aí chega em casa, tira o terninho, abre um vinho sozinha, vai ver Sex and The City, toma um Lexotan e dorme chorando, lendo mais um daqueles livros que mostram mulheres que deram a volta por cima. Ouvindo "My All" - conhecida também como a "pior música de todos os tempos" - agarrada ao travesseiro. Medo. Porque a vida é assim. Alguns choram, outros vendem lenços. [ah, os Malvados...]
Uma coisa é a mulher ter o controle do próprio corpo e não ser mais socialmente impelida, necessariamente, em direção à maternidade e à louça suja na pia. É o direito a escolher, a ter prazer e a não se sentir culpada por isso - porque tem muita mulher que ainda acredita que orgasmos são coisas de vadias, imaginem, mas já conversei com gente que pensa assim. Feminismo não é falar grosso, tampouco imitar os homens - que, diga-se de passagem, não são exemplos tããão bons a serem copiados, às vezes. Não é querer superá-los ou se igualar a eles ou, ainda, compactuar com as divisões sexuais de papéis pré-estabelecidos. O lance é conquistar um espaço próprio. Aliás, sequer podemos dizer que os homens garantiram seu próprio espaço ou que construíram isso sem passar por provações. Afinal, alguém já perguntou a eles se eles curtem serem cobrados o tempo todo a provar que são viris, masculinos, os fodas, os racionais, os melhores e os que jamais choram? Pode ser que o homem tenha pavor de barata, ué, mas é obrigado a matar friamente, senão... É muita cobrança pros póbis. E o mais engraçado é que a maioria deles é criada por... mulheres. Hum. Nós definitivamente colhemos o que plantamos.
E o que as mulheres parecem querer hoje é serem vítimas também dessa pressão de serem fortes e independentes o tempo todo. Se eu digo que quero ser mãe e ter uma família, com um maridão que experimente as receitas que aprendo na Ana Maria Braga, é porque sou antiquada, amélia, submissa. Porque se apaixonar é out, casamento é demodé e mais demodé ainda é ter filhos e o ultra-demodé é morar na mesma casa que eles. O lance contemporâneo é a mulher "ter personalidade forte" e não abrir mão de nada, nadinha. Olhaê, as cobranças. E a partir daí se estabelecem os raciocínios do "Homem gosta é de sofrer" e do "Eu não cedo um milímetro". Essa geralmente são as lobas que saem de turma, a noite, "à caça, "vestidas para matar". E bebem feito homens. E umas que conheci BELISCAM os caras que passam. Be-lis-cam. Quer coisa mais ridícula? Algo me diz que os caras têm é medo, muito medo, de grupinhos de mulheres afoitas e bêbadas. Tolinhas. Pois ó, emancipadas, fiquem com suas lições de ordinary life aprendidas na Bridget Jones. Eu mesma, por exemplo, cansei dessa vida de mulher de negócios e curto mesmo é colo e cafuné. Vou nem mentir que adoro ser mulherzinha, com um homem que sustente meus livros, maquiagens e dvds. Eu tô é com mania de ser bolsista, haha. É bom, ó.
*Nota mental: o oposto da mulher emancipada é a paty fresca de shortinho que gosta de fazer escândalo desnecessário. "Ahh, vamos embora desse restaurante, não gostei, não gostei, nhem, nhem" e bate o pezinho com o saltinho de acrílico e faz bico. E tem homem barriga-branca que super curte mulher assim e bate palma para a louca dançar [papai e suas metáforas].
Pois é. Uma das conseqüências mais funestas do aumento de emancipadas no mundo é o conseqüente aumento da desatenção masculina. Explico. Quando as mulheres eram frágeis e femininas, esse comportamento inspirava os homens a abrir portas, a pagar contas, a acender o cigarro, a dar presentinho, essas coisas aparentemente tolas. Hoje em dia não, o cara anda na frente, lá no outro quarteirão, e não tá nem aí pra mulher emancipada dele. Uó, uó.
Se o Jude Law não fosse um cara super gentil, o fogo ardente da nossa paixão não estaria aceso há tantos anos.
Pois é. E ainda há a divisão de tarefas, que é a coisa mais básica do mundo, mas que continua a ser uma utopia, desde o século retrasado. Pode até ser que na empresa haja esse tipo de equilíbrio no organograma, mas em casa, no espaço privado, quantos homens ajudam a mulher a lavar uma louça? Mas é ajudar efetivamente, lavando as panelas com feijão grudado, e não apenas passar uma aguinha nos copos "sujos" de água. É varrer uma casa, é lavar um banheiro, é arrumar as camas
também - e não fazer "papel" de marido-do-século-XXI. E divisão de tarefas não é 5% pra um e 95% pra outra, pronto, tá dividido. É não, espertinho. É 50%, 50%. Mas quando a mulher tiver de TPM, tem que ser 70% pros caras, porque a gente fica sem condição. O mau humor e a raiva imperam e não tem emancipação que agüente uma cólica. É a mística feminina.
Então. Emancipação significa questionar e quebrar os estereótipos. E não construir piores, tipo a trintona tarja-preta contemporânea que só come lasanha congelada por não saber nem fritar um ovo e que tem um vibrador disfarçado de rímel na bolsa. Céus.
[...]
Tá, lembrei agora. Teve só um dia que tive inveja dos homens. É que eles não precisam passar pela dor do ultra-som. Tive uma passagem traumática que envolvia o tal exame que, pra quem não sabe, em uma de suas modalidades, precisamos beber água até passar mal, pra barriga inchar, inchar e facilitar a visualização do útero. E essa visualização só ocorre quando a gente tá estourando, é um avanço da medicina que nos remete à Idade Média. Só sei que foi um horror, era puro constrangimento, eu choraaaaava com a mamãe, com vontade de fazer xixi. Não riam, foi puro sorrow & pain. E ela segurava minha mão, dizendo palavras de alento, tipo "Você vai conseguir, falta pouco". Parecia aqueles eternos comerciais em que o pai ensina o pivete a andar de bicicleta. "Vai, vai! Isssso! Meu filhão!". Nessas horas, sempre aparecem aquelas mulheres experientes, que já fizeram todos os exames do mundo, te tranqüilizando com palavras de resignação: "Minha filha é tão novinha, depois se acostuma. Precisa ver como é a endoscopia". AHAM, BITCH. Suando frio, após ter bebido umas três águas de coco e quase um garrafão inteiro de água do consultório, eu tava querendo que todo o time de véas entendidas do ultra-som fossem pastar e me deixassem em paz e em silêncio, curtindo minha dor. Elas que engolissem o endoscópio. Aliás, isso ocorre de fato. Enfim.
Mas até em exames de urina, é tão mais fácil ser um cara. É só mirar no potinho.
Porque aquele tal de "higifly" não pegou mesmo entre nós - porque aí, era a emancipação virando putaria, com a mulher fazendo xixi de pé com o auxílio de um origami. Já imaginou se você é flagrada? O que vão pensar, o que vão pensar?
kinks, you really got me