.ooooutra espécie foi catalogada

Nós, os Impotentes Culturais, somos assim:
- perdemos dias e mais dias conhecendo blogs desnecessários – mas que são super legais – e nunca conseguimos comentar em todos e ler todos os textos que gostaríamos;
- temos brotoejas quando postam 15 novos textos no Overmundo e não conseguimos acompanhar;
- chegamos cansados em casa no fim do dia, mas temos a garra de abrir as notícias de todos os portais de informação – contudo, nunca damos conta de ler tudo, porque as atualizações ocorrem de minuto em minuto;
- compramos revistas compulsivamente, mas não há como ler tudo até o final do mês e aí chegam outras, outras e mais outras novas;
- tentamos conhecer todas as bandas indies do momento – aquelas que só têm uma mp3 mesmo – mas não temos tempo de ouvir tudo o que baixamos, além de não ter como ler e assimilar informações sobre a banda;
- frequentemente sofremos de espasmos ao entrar nas livrarias e constatar que sempre haverá uma lista de pelo menos 20 títulos recém-lançados que são indispensáveis para a nossa vida, mas que nunca conseguiremos comprar nem ler tudo;
- choramos canivetes ao entrar nas locadoras de dvd, ao sentir que jamais assistiremos a todos os filmes novos e antigos que precisamos. E queremos conhecer a obra completa de alguns cineastas consagrados, sendo isso um projeto frustrado, por falta de tempo;
- ficamos em depressão por não acompanhar as milhares de séries legais que estão atualmente no ar;
- quando viajamos, sofremos horrores por não conseguir visitar todos os monumentos, todos os museus*, os melhores cinemas, as livrarias mais bacanas, feirinhas de antiguidades e os sebos [ahhhh, os sebos!] com aqueles livrinhos antigos, raros e umidificantes que todo o impotente cultural que se preze AMA.
*contei pra vocês que, em Porto Alegre, passei por um dos momentos mais civilizados da minha vida? Imaginem vocês que, num domingo à tarde, ultra-frio, dia de Brasil X Argentina na TV, enfrentei uma FILA pra entrar na exposição do Goya! Gente, nunca peguei uma fila tão feliz. Porque só em locais desenvolvidos pacas é que encontramos fila pra museu. E só em lugares ULTRA-CIVILIZADOS é que as pessoas conhecem Goya e sua importância, a ponto de formar uma fila por ele. Amei, amei. Nosso Brasil, eterno país do futuro, ainda conserva rincões de esperança.
- Mas sabe o que é o pior nisso tudo?
É que sempre encontramos alguém que parece ter visto todos os filmes, lido todos os livros, assistido a todas as temporadas das séries na tv a cabo. Não é possível. Minha esperança é que a maioria desse povo deve ser de Blefadores Culturais [vide último post, a long time ago].
.paciência? eu?Sacando dinheiro no caixa 24h. Um sujeito – a quem chamarei de Anta - estava atrás de mim na fila e pergunta:
Anta: Moça, esse caixa saca com cartão Itaú?
[Olho na placa, tem o servico pra todos os bancos, menos Itaú]
Lucy: Olha, acho que não...
Anta: Mas ah, é que tem uma placa bem grande aí do lado, ó, dizendo 'Bem vindo, cliente ITAÚ, ao caixa 24h...'
Lucy: ¬¬
Olhei pra trás, com minha MELHOR cara de desprezo, querendo dizer 'Ô ANTA, se você tinha visto a placona, POR QUÊ, POR QUÊÊÊÊ fez essa pergunta IDIOTA?' Ele esperava que eu dissesse que a placa tava, sei lá, mentindo? Ele esperava que eu lesse a placa pra ele? O que ele esperava??? Gahhh.
Mas que estresse.
.rá Finalmente, eis que utilizo meu francês na prática. Mais de quatro anos de curso não foram em vão, tô orgulhosa.
Estava eu na fila do supermercado, comprando barrinha de cereal [AMO as da Lucila Diniz, com pêssego, uma delícia], quando vejo uns cinco franceses falando super alto, tal. Daí, um deles ficou olhando pra mim, tipo paquerando, e começou a comentar com os amigos. Ele falava as coisas sem saber que, ohh, por acaso, eu falo francês, han, han. Então, quando meu constrangimento já tava ultrapassando as barreiras do aceitável, eu discretamente me dirijo a eles, en français:
- 'Se vocês pensam que eu não sei o que vocês estão falando, se enganaram. Rá!'.
Eu queria ter fotografado o SEMBLANTE DE PAVOR deles.
.amenidades- Hoje, no Faustão, me orgulhava dos nomes pitorescos que saem do Ceará: QUELRY [Carrie?] se apresentou no ‘se vira nos trinta’ imitando o som de gatos brigando e cruzando. AMO. Como eu disse, ainda insisto em acreditar nos discretos rincões de esperança e cultura que se escondem – muito bem escondidos, vamos combinar – no nosso país.
- Compro inspiração. Quem quiser oferecer, pago com Visa ou Mastercard, tá.
Mas é claro que não é inspiração pra cá, um reles blog gratuito, tolinhos, pretensiosos, mas é para a dissertação do mestrado. Queria só meio metro de idéias, já tava suficiente.

- Eu queria parabenizar a Globo pela inesquecível noite de sexta-feira que me proporcionou. Minha primeira promessa de fim de ano é essa, é não ligar a tv na sexta a noite, pelo menos em canais abertos. Mas não falo somente do Globo Repórter sobre problemas de sono – quem me conhece minimamente ou já me viu de binóculos a pelo menos 406707356783506m de distância nota as minhas vistosas olheiras –, que achei muito legal, mesmo. Falo do combo ‘suicídio & desilusão plus’ da emissora: um programa que homenageava o Renato Russo, no lugar do soturno 'vou fazendo o frete cortando o estradããão...'. É a famosa troca do ‘seis por meia dúzia’. Depois, a 56456740704ª entrevista bombástica e exclusiva de Caetano Veloso, para o Jornal da Globo. Ah, era aquilo de sempre, falava sobre sua fase rocker, a cena corrupta de Brasília, que superou o divórcio, os 100 anos de dona Canô, opiniões relevantes sobre o mercado financeiro nervoso, o Lula de novo, minha nova colcha de cama, os novos rumos da moda do vestidinho trapézio, a verdade sobre Luana Piovani, sei mais lá o quê. Pra doer mais, a melancia do bolo [porque cereja não estraga o suficiente, né]: vi que no Jô Soares o entrevistado de destaque seria o meu, o seu, o NOSSO ídolo ERI JOHNSON. Grátis, Lexotan. Gente, que booooooooooring.
- Eu não suporto os imitadores do Romário, acho que vocês já imaginavam isso, né. E nem preciso dizer que era uma das primeiras imitações do meu, do seu, do NOSSO ERI JOHNSON.
- Falando em rabugice, exercitei na semana passada uma modalidade de desprezo que super se aplica a locais ensolarados demais, como Fortaleza. Aprendam, fofos. É a fina arte de usar o sol forte como álibe pra fechar os olhos e evitar as pessoas em geral, fingindo que não as vemos na rua. Costuma funcionar e é uma saída super digna, é incrível.
- Meu Elvis continua faceiro. Um dia, minha irmã e minha mãe davam uvas pra ele brincar de futebolzinho no chão. Minutos se passavam e ele latia, pedindo outra. Latiu de novo, pedindo mais outra. Quando elas foram ver o que ele tanto fazia, ele estava MOBILIANDO a casinha dele com frutas, colocou as quatro uvas ARRUMADAS em um dos cantos da casinha dele. Não é lindo? Claro que é. Mania de organização. Esse é mesmo meu filhote. E olhem como ele, ainda por cima, é erudito.

- Fui num casamento bacanésimo por esses dias, e o garçom do buffet era uma comédia. Ele oferecia todas as bebidas bem direitinho, ['A senhorita aceita água, suco, champagne, refrigerante, uísque?'], mas na hora de oferecer a cerveja... ['Ou prefere uma CERRÊJINHA?']. Desmanteeeelo.
- Ah, contei pra vocês que o cartão Itaú QUE EU NÃO PEDI chegou? Pois é, e vem junto uma cartinha simpática, dizendo que 'sua PROPOSTA foi ACEITA'. Comassim, MINHA? PROPOSTA? Até onde me recordo, fui COAGIDA a aceitar a praga desse cartão depois de uma moça do telemarketing ‘estar me perseguindo’ em casa, no trabalho e no celular por mais de uma semana, oferecendo d.e.s.e.s.p.e.r.a.d.a.m.e.n.t.e esse cartão pra mim... Que povo cínico. Gente, eu só tenho aborrecimento e encosto nessa minha vida. Cruzes, eu quero um banho de cheiro.
- Ah, e duas semanas depois, finalmente escrevo sobre o I Encontro de Blogueiros que houve aqui em Fortaleza, no último dia 1º. Nossa, me surpreendi, organizadíssimo e cheio de gente, ó. Estranhamente, vi a repercussão nos blogs e algo me chocou: as pessoas não acreditam em mim. Explico: o povo me chamando de simpática, meu deus, mesmo após anos de rabugice afirmada e reafirmada aqui no blog... Simpáticos são vocês todos, tá. Ou fingidos. Ou eu sou uma farsa? Haha. Mas enfim, o negócio era patrocinado [
Visit Fortaleza] e tudo, rá, que chique. O povo se passando com a cerveja de graça e... ops, ficar calada aqui, né. Tudo o que vocês precisarão saber vai sair na Caras esse mês, comprem a sua. Mas ó, conheci a vida inteligente que há por trás de muitos blogs de que gosto e esperamos os desdobramentos do evento, né mesmo.

O álbum de fotos do encontro tá
aqui, um relato do happening tá
aqui e outras informações estão
aqui, inclusive com o Leonardo exagerando e me chamando de Molly Bloom da blogosfera... magiiiiina, menino. Magiiiiina. [shame] Mas continuo sendo uma pessoa simples, jeans, camisa branca, muito líquido, pé no chão e humildade sempre, né.
- Vi um clip novo da Shakira, não lembro agora o nome, mas vou te contar, eu CANSO só de ver o que ela faz com a barriga. Parece que tem um Alien dentro. Um só não, dois. O mais engraçado é que ela NÃO PÁRA de fazer dança do ventre em nenhum momento, é o tempo todo: ela conversando com o cara e se contorcendo, ela olhando pro cara e se contorcendo, ela anda na rua e se contorce, ela dança e se contorce, em qualquer ocasião. Ri tanto. Homem gosta disso, é? É pra ser tipo... sensual?
- Ana Hickmann, fofa, mostrar no programa pessoas do sul/sudeste experimentando [ou tentando experimentar] buchada e outros pratos excêntricos do norte/nordeste já deu, é estação-passada, out of fashion. Beijos.
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it was you, james brown
love & communication, cat power
sparky's dream, teenage fanclub
a world without love, the supremes