I wanna be Iggy's dog
Ok, darlings. Estou de volta após uma passagem relâmpago em minha linda e gelada terra natal. Quase que eu fico por lá, sabiam. Mas enfim, a experiência perfeita de ter seus poros fechados e uma pele bárbara por causa do vento e do frio e a alegria que preenche seu ser ao sentir seus cabelos úmidos e cada vez mais ruivos após o Seda Cabelos Vermelhos e a garoa paulista não poderiam durar muito tempo, né mesmo.
Em Fortaleza, "poros fechados" no more. And SUOR forever.
Ohhh, Sampa, Sampa. Esquina da Ipiranga com a São João. Masp. A Galeria do Rock, de quatro andares. Os discos importados do Suede. Enfim, a terra da garoa. E o paraíso da civilidade - ao contrário de Fortaleza, as pessoas são educadíssimas e não andam cuspindo e fazendo nojeira no chão, muito menos espremem você, suados, na fila do metrô. PAULISTANOS NÃO SUAM, oh, joy. E, quando casualmente pisam no seu pé com alguma bota fashion, lhe pedem desculpa com um SORRISO, pasmem. Quase a Suíça. Mas como eles usam casacos soberbos, estão perdoados.
Eu poderia continuar a trabalhar em casa, assistindo calmamente ao desfile de lentes de contato no programa da Ana Hickmann, mas estou aqui, postando pra vocês, adoráveis leitores. Mas vou fazer apenas uma breve observação sobre os shows. Breve MESMO, já que há farto material na Internet [incluindo meu flickr. Pô, não tenho FLOG, porque isso é coisa de MIGUXA, tão me estranhando?] e eu não tô afim de resenhar nada não, ó. Tô rabugenta hoje.
O lugar
A Chácara do Jockey é sensacional, mas parece mais um pântano, cheio de lama e grama. Mas show de rock e lama combinam muito mesmo, tinha gente se jogando na lama e passando mal antes das sete da noite. O defeito é que era longe da cidade grande. Fica depois das colinas e dos lagos com marrecos, a que me referia no post anterior. Mas foi legal, tinha clima mesmo de show de rock, algo parecido com festivais europeus. Nunca fui em um festival europeu, mas suponho que sejam daquele jeito. As pessoas agasalhadas, os manos, os metaleiros, os punks, os grunges, os hypes magrinhos-fãs-de-sonic-youth, os dois fãs do Fantomas, as interseções entre as espécies e as minas fãs de Good Charlotte convivendo pacificamente. Pessoas fazendo sexo open air e bebendo sem moderação. Muito agradável. Fora que o palco e o som do palco eram imensos, ao contrário do Ceará Music, em que as tendas techno costumam ter som melhor que o do palco principal.
As comidas
Não entendi a venda de combinados de sushi a R$ 26 e yakissobas a R$ 10. Não que eu goste disso, mas NÃO TER CHOCOLATE QUENTE NO FRIO DE 14ºC E VENDER TEMPURÁ É INADIMISSÍVEL. Foi preferível comprar sanduichinho mesmo, né. Ok, X-Salada estava a R$ 7, mas era imenso, ao contrário da tapeação que o Bob´s costuma fazer por aqui, no Ceará Music, vendendo óstias como se fossem pão bola. Anyway, visualizem: fãs do sonic youth + sushis = paraíso, para muitos. Tô fazendo piada com o SY, mas é que o show deles foi o terceiro mais chato da noite e eu não esperava por isso...
Os shows ruins
Lamentáveis as pivetas acompanhadas por pais / tios / primos maiores de idade pra ver a droga do Good Charlotte. O vocalista é terrível, não parava de gritar "Oêêê Xaum Paolo!", carregou a bandeira brasileira de praxe e suas interações com a platéia de miguxas histéricas [opa, visão do inferno] eram deveras constrangedoras. Eu queria que eles tivessem tocado pelo menos algum cover, até do Metallica eu tava aceitando. As sete da noite, as fofuxas chorosas foram embora, enquanto os punks fãs de Iggy Pop and The Stooges davam cotocos pro palco, chamando a banda de "o Cú de Charlotte".
E eu pensava que a coletânea de natal da Simone e o Genesis [Phil Collins tinha que estar metido nisso] eram as coisas mais transcendentalmente entediantes que eu tinha ouvido na minha vida. Ledo engano, Lucy. Grande erro. Eu ainda estava pra ver o Fantomas, a bandinha que é festejada por ser do ex-vocalista de uma ex-banda cujo grande hit é um COVER do Lionel Ritchie. Oh, faça-me o favor. Se alguém curte o Mike Patton, se ele é deus pra você, retire-se desse blog, que eu vou descer a lenha no ROCK REGRESSIVO de Mike Patton. Só não jogamos lama neles porque estávamos do outro lado do festival, esperando o outra banda entrar no palco B. Mas acompanhamos tudo pelos telões. Horror, horror. Nem chamo aquilo de música, na minha terra aquilo se chama afinação de guitarra. Pro pessoal ter uma idéia, as músicas não tinham letra nem melodia, eram só uns gritos de porco morrendo, uma coisa assim, boring.
Quase clamei pela presença de Ivan Lins, mas Luc[k]y Guy mandou eu me calar.
Sonic Youth foi levemente prejudicado, eles não tinham culpa de tocarem do outro lado da chácara antes do Nine Inch Nails, e nós estávamos esperando o NIN entrar no palco principal, né. Vejam as fotos, ficamos muito, muito perto mesmo do palco. O SY tocou músicas legais, algumas conhecidas, tem um visual bem bonitinho. E porque eu coloco o show deles na categoria "ruim"? Bom, foi por causa da maldita microfonia de VINTE MINUTOS com que eles terminaram o show. Fiquei uma fera, não suporto microfonia... Nem o cara que tava do nosso lado, que gritava: "Acaba com isso, porra!". Apoiado, apoiado, clap clap. Microfonia deve ser genial, o último grito [hehe] em matéria de genialidade musical, mas como eu sou meio abusada, não tem quem faça eu gostar disso, ó.
Na categoria RUIM entra, ainda, a dispensável participação do disforme VJ Rafa, da MTV, no triste epílogo do festival. Sacam, aquela aberração seqüelada que faz o comercial dos Hot Pockets Sadia? Um cara que apresenta clipes e tem um estilo "sobrevivi ao coma"? Pois é. O povo ainda hipnotizado com o show soberbo do NIN e com as coxas hercúleas e suntuosas [!!!] de Trent Reznor e aquele paspalho entra no final e fica fazendo piadinha, todo TORTO. Otário. TORTO. É mais um que merece uma morte lenta e dolorosa. TORTO.
[as pessoas dizem que eu fico uma gracinha com raiva. Será?]
Os shows perfeitos
Nem era pra eu estar me queixando. Fui pra ver A BOLHA dos Flaming Lips, a barriga do Iggy Pop e ainda saí no lucro, virei fã do Trent Reznor, do Nine Inch Nails, e achei mó barato o Nação Zumbi.
No começo tinha uma galera rockeira fazendo piadinha de humor negro, do tipo "Cadê o Chico Science?", mas logo o povo deixou disso e curtiu a banda, que tocou aquilo mesmo que todo mundo esperava: rockzinho com tambores e tal. Bem bom.
Mas nada se compara À BOLHA do Flaming Lips, que deve sempre ser mencionada nesse blog em maiúsculas. Devemos respeito e reverência perante à BOLHA. Cara, virtual, aquilo, tinha tudo pra ser um show miguxo, com confetes e pessoas vestidas de Papai Noel e bichinhos no palco. Mas não. E fora que eu realizei meu sonho de infância, de cantar Bohemian Rapsody ao vivo em um show. Putz. Ô mama mia let me go! Lágrimas, ó. E peguei uma fita vermelha que ele jogou do palco. Deverá valer uma fortuna daqui a alguns anos. O vocalista é bem carismático.

Ops. Esse é o cara do Simply Red. Hehe, mas são IDÊNTICOS! Surpreendente. Abaixo, Wayne, dos Lips.


Eu nem preciso comentar que ver
Iggy Pop foi belo, belo. Ele, com uma calça de cachorra funkeira que mostrava um palmo de cofrinho, simulando sexo com uma caixa de som, deixando a galera invadir o palco, se jogando na platéia, chutando câmeras e chamando a gente de motherfuckers foi surreal. Mas Iggy podia fazer o que quisesse mesmo. Fiquei na zona do "aperta peitos" mesmo, ali na grade de proteção. Ora, vim de Fortaleza pra amassar meus peitos num show de Iggy Pop mesmo, galera. I wanna be your dog, No Fun, Funhouse e 1969... contarei essa história aos meus descendentes ruivos. "Vovó emprensou os peitos no show do Iggy Pop, um velho punk de calças jeans, ao som de No Fun, netinhos".
Concluí que aquele foi o primeiro show de rock que vi na vida. Lucy também é emoção e catarse, pessoal. CARA, ERA O IGGY POP. Impressionante como um cara de quase 60 anos que, em vez de tocar baladinha de violão no banquinho ou fazer um som independente e "incompreendido", sai rebolando de calça jeans mesmo, se joga na galera e é consagrado como a atração da noite. Pedala, João Gilberto. Ponto pros véis mêi bichas.
Mas as melhores coxas e braços da noite foram de Trent Reznor, do
Nine Inch Nails. Saí fã dos caras, descobri que AMO rock industrial desde criancinha. Enfim, 20 toneladas de equipamento, né. O show tinha que ser bom, tal, com luzes, fumaças, caras de preto e tudo aquilo a que temos direito. E Trent, claro. Como vivi sem Trent até hoje? E ainda fala inglês!!
O melhor bolinho de bacalhau EVER
Foi no bairro da
Liberdade, que é apenas a MAIOR colônia japonesa do mundo. Me senti em casa, vocês notam no meu tipo físico as influencias de traços orientais, hein. Mas ali é tudo tão bonitinho, as pessoas são tão fofas e os bolinhos são tão lindos que dão vontade de COMER. Nunca tinha provado um bolinho de bacalhau tão coloquial, chique e ÉTNICO, na feirinha dos japas. Étnico, inclusive, é a palavra da moda, hein, fiquem atentos. Compramos para as mães chinelinhos étnicos, com solado de bambus japoneses legítimos, vendidos por japoneses legítimos numa lojinha legítima e étnica. Porque as mães são antenadas com o mundo da moda.
E ainda conheci Letícia e Bruno, que são leitores assíduos que vieram em caravana [tinha que ter "caravana" em São Paulo, haha] para nos conhecer, não é fofo? Visitamos o bairro, a Catedral, fomos em sebos de livros e comprei uma edição de O Exorcista a R$ 6 na Liberdade [eu tinha que citar isso, porque é muito cool]. Ohh, divertidíssimo. Destaque para o cachecol de Letícia, muito fashion e étnico também.
Bom, gente, pois é. A vida prossegue, o vento venta, a água molha, Murilo Benício se separa para ficar com outra colega de elenco e o sol escaldante brilha em Fortaleza. Eu não vi Gianne semi nu na Paulista, mas vi Trent Reznor SUADO, o que foi praticamente a mesma coisa.

- Trent, me devolve aquela blusinha que esqueci no seu camarim.
Eita, eu tinha dito que ia ser BREVE, nera. Hum.
Só lembrando que [1] as fotos estão no flickr ao lado, é só clicar e [2] qualquer comentário em defesa de Mike Patton será deletado com JUSTA CAUSA.
Fiquem agora com uma frase complexa de Serena, em Alma Gêmea:
"O caminho da felicidade está dentro de nós. Quem se aproxima da escuridão, não vê a luz".